quinta-feira, maio 28, 2009


PROJETO CERRADO GOIANO

Começo a executar um projeto antigo, que é o de construir uma morada no campo, exatamente no Cerrado goiano.

Foram anos e anos de angústia para a decisão ser tomada - difícil deixar São Paulo... Todo recomeço dói. Mas, ainda que só tenha quatro dias de iniciados os trabalhos de preparação para a construção, já começo a ter os olhos salpicados de estrelas e os ouvidos tocados pelos cantos dos pássaros.

Se será bom ou ruim? Só o tempo o dirá. O importante é não esmorecer e deixar as coisas fluirem como numa dança em que os pares já se encontram no salão e os primeiros acordes do piano os chamam para os primeiros movimentos.

O Cerrado é algo incrível de se ver. A vegetação é única, a fauna e a flora exuberantes. Pena que muitos não pensem nele como algo positivo e danem a devastá-lo para plantar, principalmente, soja, como vem acontencendo nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. É uma lástima que só será sentida quando formos um imenso Saara.

Vejo que tenho a missão de preservar meu pedacinho de cerrado custe o que custar. E quem pensar como eu que me ajude. (O Nicolas Behr, grande poeta e ecologista de Brasília, já está.)

PS: A lugar aí da foto é o Jalapão, no Estado de Tocantins. Lugar dos mais impressionantes. Ao olhar para ele, ainda que por foto, não dá vontade de ficar preservando tudo até sempre?

domingo, maio 24, 2009



500 VISITANTES!!!



Amigos, hoje o meu blog atingiu, graças a todos vocês que o acessaram, a marca de 500 visitantes.



E para comemorar a façanha eu convidei o mais brasileiro dos personagens: o Saci!

Obrigado a todos!



sábado, maio 23, 2009


É madrugada vou sentindo frio, não sei quando vai terminar. Tudo está, tudo fica. Depois não pode haver ais nem mais nem menos. Só se o desgosto for encontrar alguém do sexo oposto no mês de agosto. Tudo acabado.


Vejo que o Matthew Modine está sentado numa praia qualquer onde eu poderia estar, mas não estou. Não estou porque não quero - querer é tudo o que a pessoa precisa para continuar na vida.


Tenho feito amigos, conhecido pessoas legais e divertidas e, assim, a vida vinga-se de minha solidão dando-me, na gentileza de todas as manhãs, estas felicidades de vinho e queijo sobre a mesa.


Apostar naquilo tudo e depois que tudo estiver coberto por verniz, só vale olhar o brilho e sentir o cheiro que tomará conta da casa por muitos e muitos dias, porque enquanto um vento forte não entrar pelas janelas não haverá paz.


Por menos de um beijo eu desejo olhar em seus olhos e dizer todas as verdades que eles precisam meditar.
Pensei nisto, ontem, quando uma menina olhou três vezes para mim e eu estava caminhando. Daí, olhei para trás e virei estátua de sal, mas meus olhos não ficaram estáticos. Assim, pude ficar olhando para aquela víbora que atravessou meu caminho.

Veja só, você, se derem chances para mim eu subo o morro e compro dois cachorros. E se deixarem mais, eu pinto todas as favelas de azul, branco, verde e amarelo e depois que tudo estiver abandeirado despejarei o sol por todos os ângulos daquele lugar.


Alguém há de olhar por mim, não consigo o sono e, consequência disto, também o sonho. Tudo estará cansado amanhã. Será que atrás deste dia há outro dia me esperando? Eu só espero que o dia só termine quando cair o pano, quando a luz for baixando, baixando até encostar no escuro.
Não durmo por um precipício que me assusta.

Minha mãe, ai, minha mãe!, que cheiro é este de enxofre misturado com leite e gosma verde e que toma o meu corpo todo de desespero? Me dê um beijo na porta desta estrebaria, que esta louca agonia de ondas ondas ondas não posso, logo como.


No fim, the end senza fini.

quinta-feira, maio 21, 2009


NOITE ESPECIAL




João Gilberto Noll, Luiz Ruffato e Ronaldo Cagiano estiveram juntos, esta noite, no Instituto Cultural Itaú, num encontro, para dizer o mínimo, maravilhoso.

Estiveram debatendo, mediados por Flávio Carneiro, sobre "O espaço geográfico ou como falar do enraizamento para além do regionalismo", nos "Encontros de Interrogação" que aquela instituição tem promovido desde 2004.


Os poucos gatos pingados que lá estavam puderam assistir a alguns momentos raros destes três autores. Principalmente do Noll, que parecia tomado - nos momentos finais de sua fala -, pelo espírito da Clarice Lispector quando ela concedeu a última entrevista da sua vida para a TV Cultura. Para lembrar sempre.

Na parte que lhe coube do latifúndio, Cagiano engatou uma primeira e desferiu histórias deliciosas de Brasilia, cidade na qual cumpriu quase 30 anos de sua vida.


E, finalmente, ver o Ruffato falando, principalmente de sua infância em Cataguases, é algo para se ouvir repetidas vezes: poesia pura.

Depois fomos jantar com mais um grupo de amigos (mas sem o Noll) e nos juntamos a mundanidade. Porque ninguém e de ferro!


sábado, maio 16, 2009

VALE A PENA ASSISTIR!



"Ando tão à flor da pele / Que qualquer beijo de novela me faz chorar / (...) Ando tão à flor da pele / Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser".

Sei-lá-porquê, este trecho da música "Vapor Barato/Flor da Pele", do Zeca Baleiro, me veio à mente logo após assistir ao filme do cartaz acima. Filme em que a homossexualidade e a sociedade católica da Quebec dos anos 1960 até os 1980 é tratada com extrema delicadeza pelo diretor canadense Jean-Marc Vallée.

O filme começa com o nascimento de Zachary Beaulieu ou, simplesmente, Zac, o quarto filho de cinco irmãos do casal Gervais e Laurianne, no Natal de 1960. A infância de Zac é marcada pelos aniversários natalinos - cuja festa é sempre iniciada com a Missa do Galo e encerrada com seu pai imitando Charles Aznavour. Quando fica adolescente ele descobre em si uma sexualidade "diferente", fato que ele nega de modo incisivo para não causar decepção na família. E a maturidade, enfim, chega com uma libertadora viagem mística por Jerusalém, a cidade que sua mãe sempre sonhou conhecer.

Com a mãe, Zac tem uma relação estreita; já com o pai, ela é incompreendida por ambos (Não dá para dizer o porquê disso, porque para quem não assistiu perderia a graça.). Ao lado dos quatro irmãos, Zac cresce sentindo e ao mesmo tempo negando desejos homossexuais. Além disso, tem que lidar com a religiosidade da mãe, que achava que por ele ter nascido num 25 de dezembro, fazia curas, e com a intolerância do pai.

Não dá para deixar de mencionar que toda a rebeldia das décadas de 1960 até a de 1980 é retratada no filme e que
a música é um dos elementos fundamentais para isto. Para quem gosta de música como eu, foi um elixir dos deuses ouvir a trilha sonora escolhida pelo diretor, que vai de Pink Floyd a Rolling Stones, passando por Charles Aznavour e David Bowie, que interpreta o clássico inesquecível "Space Oddity". O filme tem um final, para dizer o mínimo, surpreendente (não vou estragar contando para os que ainda não viram).

Ainda estou ruminando-o. Quem sabe amanhã eu me vista de azul e saia por aí...

Quem já assistiu, me diga o que achou. E para os que ainda não assistiram, eu recomendo.


quarta-feira, maio 13, 2009


VEJAM! LEIAM!



Amigos,
Já está nas bancas o número 135 (maio/2009) da revista CULT (capa acima)
. Eu estou na seção "Oficina Literária" com quatro poemas ("Nômade", "Sozinho junto", "Macaco na cabeça" e "Premonição"). Todos eles pertencentes ao meu livro, ainda inédito, P&B. Quem puder, dê uma espiadinha. O poeta agradece.


terça-feira, maio 12, 2009

Ontem, passei o dia inteirinho no INCOR, em São Paulo, acompanhando um amigo que ia passar por uma Cardio-Versão, que é, trocando em miúdos, levar um choque no coração para ele voltar a bater no ritmo certo. Até aí nada demais, não fossem as complicações por que ele passou.

Primeiro, a anestesia não pegava - por ele ser alcoólatra -, assim, teve de ser anestesiado por três vezes para se fazer desacordado. Depois, pelo mesmo motivo do alcoolismo, as batidas não voltavam ao normal.
Tiveram que executar o procedimento da cardio-versão por quatro vezes.

O médico dele me disse que estava até pensando em desistir quando viu a terceira tentativa falhar. Mas uma luzinha - imagino eu - deve ter se acendido nele, médico, para que tentasse uma vez mais para dar certo.
Desta vez, meu amigo estava - se é que se pode dizer isto de um cardíaco -, novinho em folha, recebendo alta no fim do dia.

Durante o tempo em que eu o aguardava na sala de espera, como não sou dado a ficar calado, danei a conversar com os pacientes e parentes destes para saber porque estavam ali. (Eu sabia que todos estavam ali por problemas de coração, já que o hospital só trata deste "indivíduo" vital para que a vida seja e esteja.) Tirando destas conversas a conclusão de que muitos estavam ali, assim como o meu amigo, por não se cuidarem, por acharem que a vida é eterna ou sei-lá-o-quê. E não se cuidam, também, porque creem que nada de ruim vai acontecer às suas saúdes, imaginam-se a si mesmos como uns touros. No fim, vão para o hospital, se tratam, e voltam para casa para fazerem as mesmas coisas que os levaram para aquele lugar nada agradável.

Hoje em dia, com a vida que levamos nas cidades - principalmente nas grandes, onde impera o desconforto -, a coisa tende a acontecer cada vez mais cedo, a exemplo de um primo meu que sofreu um infarto aos 42 anos e teve que receber três pontes de safena e duas mamárias. Está vivo, mas será que ele não voltou ao mesmo ritmo de vida que levava?

Meu amigo, ontem, depois do dia exaustivo, chegou em casa e foi logo pegando o copo de cachaça. Ao ver isto, me veio imediatamente o questionamento: será que terá valido a pena eu ter torcido o dia inteiro e antes e depois para o reestabelecimento dele?

sábado, maio 09, 2009


Quando, a vida?
Que hora de desespero é esta, que atravessa os meus sentidos e rompe com minha manhã sem sono?
Que vastidão de mundo é este em que, sozinho, vou caminhando e sonhando com dias melhores, sem solidão ou miséria?
E se a porta se abrir, haverá sol por trás dela ou apenas monstros esperando que eu entre para me devorarem inteiro?
Não haveria um dia no campo em que a felicidade com livros e discos e filmes não poderia calar mais?
E se o grito se fizer necessário em todas as instâncias?
Se ele vier e quiser ficar, saberei consolidar o ritmo de dois em um?
Mas e se, por exemplo, a abelha não der mel, o pomar não der fruto, a vaca não der leite, ainda assim poderemos ser felizes e deslumbrados?
E esta perguntaria toda terá resposta?
Porque questionar tudo tanto e não ter nunca a resposta?
Mas se a resposta se fizer existida, saberei entender sua mensagem?
Estaria dando tanta importância a tudo isto se não estivesse vivo?
Se morto, ainda haveria todos estes questionamentos?

Quando, a morte?