quinta-feira, setembro 10, 2009


Tem dias.

Tem dias e coisas.
Tem coisas que trocam o dia pela noite.
Tem estrelas.
Tenho sonhos.
Você tem.
Eu fujo de mim, às vezes.
Eu, beijos. Você, desejos.
Naquela manhã eu não sabia que você me trairia e fui,
inocentemente, embora.
Fui embora e não voltei mais.
Lá longe eu ainda penso nos seus movimentos dos dias subsequentes.
Eles são os de todo dia, não variam.
Eu não tenho.
Eu queria ter.
Eu não somo.
Você diminui em mim e este beijo nunca existiu.
Lá tem meia sem pé e pé que não acha o caminho.
Lá tem tudo que eu não vejo mais, mas sei.
Sou vidente.
Leio a vida e sua fantasia.
Eu presto atenção em você. Prestei. Eu te sei.
Eu te tenho na memória da minha pele.
Eu vou para a porta ver aquele pássaro que me chama.
Ele é azul, imenso e quando eu o chamo, ele deita-se sobre meu ombro e canta para mim
a canção mais linda que eu poderia ouvir.
Este pássaro é você.
Este pássaro que está tão sumido da minha árvore.
Este não sou eu, eu não sou meu, eu me dei.
Vou embora agora, é noite já e lá fora faz frio e venta.


1 comentário:

Unknown disse...

Caro Ésio, desculpe utilizar esse espaço para um pedido - e não para um comentário, mas não encontrei seu e-mail no orkut,nem no lattes, nem em página alguma da internet. Então, o que quero lhe pedir é se você pode me ajudar a localizar o artigo "Exercício poético", de Lucio Cardoso, que você cita na bibliografia do seu "O riso no escuro". Estou estudando a fortuna crítica de Lêdo Ivo e João Cabral e preciso desse texto. Agradeço muito qualquer indicativo. E, para não fugir ao comentário, parabéns pelo livro sobre Lucio, que pude ver na internet. Meu abraço. Wladimir Saldanha. 1107@terra.com.br.