terça-feira, maio 12, 2009

Ontem, passei o dia inteirinho no INCOR, em São Paulo, acompanhando um amigo que ia passar por uma Cardio-Versão, que é, trocando em miúdos, levar um choque no coração para ele voltar a bater no ritmo certo. Até aí nada demais, não fossem as complicações por que ele passou.

Primeiro, a anestesia não pegava - por ele ser alcoólatra -, assim, teve de ser anestesiado por três vezes para se fazer desacordado. Depois, pelo mesmo motivo do alcoolismo, as batidas não voltavam ao normal.
Tiveram que executar o procedimento da cardio-versão por quatro vezes.

O médico dele me disse que estava até pensando em desistir quando viu a terceira tentativa falhar. Mas uma luzinha - imagino eu - deve ter se acendido nele, médico, para que tentasse uma vez mais para dar certo.
Desta vez, meu amigo estava - se é que se pode dizer isto de um cardíaco -, novinho em folha, recebendo alta no fim do dia.

Durante o tempo em que eu o aguardava na sala de espera, como não sou dado a ficar calado, danei a conversar com os pacientes e parentes destes para saber porque estavam ali. (Eu sabia que todos estavam ali por problemas de coração, já que o hospital só trata deste "indivíduo" vital para que a vida seja e esteja.) Tirando destas conversas a conclusão de que muitos estavam ali, assim como o meu amigo, por não se cuidarem, por acharem que a vida é eterna ou sei-lá-o-quê. E não se cuidam, também, porque creem que nada de ruim vai acontecer às suas saúdes, imaginam-se a si mesmos como uns touros. No fim, vão para o hospital, se tratam, e voltam para casa para fazerem as mesmas coisas que os levaram para aquele lugar nada agradável.

Hoje em dia, com a vida que levamos nas cidades - principalmente nas grandes, onde impera o desconforto -, a coisa tende a acontecer cada vez mais cedo, a exemplo de um primo meu que sofreu um infarto aos 42 anos e teve que receber três pontes de safena e duas mamárias. Está vivo, mas será que ele não voltou ao mesmo ritmo de vida que levava?

Meu amigo, ontem, depois do dia exaustivo, chegou em casa e foi logo pegando o copo de cachaça. Ao ver isto, me veio imediatamente o questionamento: será que terá valido a pena eu ter torcido o dia inteiro e antes e depois para o reestabelecimento dele?

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