sábado, maio 16, 2009

VALE A PENA ASSISTIR!



"Ando tão à flor da pele / Que qualquer beijo de novela me faz chorar / (...) Ando tão à flor da pele / Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser".

Sei-lá-porquê, este trecho da música "Vapor Barato/Flor da Pele", do Zeca Baleiro, me veio à mente logo após assistir ao filme do cartaz acima. Filme em que a homossexualidade e a sociedade católica da Quebec dos anos 1960 até os 1980 é tratada com extrema delicadeza pelo diretor canadense Jean-Marc Vallée.

O filme começa com o nascimento de Zachary Beaulieu ou, simplesmente, Zac, o quarto filho de cinco irmãos do casal Gervais e Laurianne, no Natal de 1960. A infância de Zac é marcada pelos aniversários natalinos - cuja festa é sempre iniciada com a Missa do Galo e encerrada com seu pai imitando Charles Aznavour. Quando fica adolescente ele descobre em si uma sexualidade "diferente", fato que ele nega de modo incisivo para não causar decepção na família. E a maturidade, enfim, chega com uma libertadora viagem mística por Jerusalém, a cidade que sua mãe sempre sonhou conhecer.

Com a mãe, Zac tem uma relação estreita; já com o pai, ela é incompreendida por ambos (Não dá para dizer o porquê disso, porque para quem não assistiu perderia a graça.). Ao lado dos quatro irmãos, Zac cresce sentindo e ao mesmo tempo negando desejos homossexuais. Além disso, tem que lidar com a religiosidade da mãe, que achava que por ele ter nascido num 25 de dezembro, fazia curas, e com a intolerância do pai.

Não dá para deixar de mencionar que toda a rebeldia das décadas de 1960 até a de 1980 é retratada no filme e que
a música é um dos elementos fundamentais para isto. Para quem gosta de música como eu, foi um elixir dos deuses ouvir a trilha sonora escolhida pelo diretor, que vai de Pink Floyd a Rolling Stones, passando por Charles Aznavour e David Bowie, que interpreta o clássico inesquecível "Space Oddity". O filme tem um final, para dizer o mínimo, surpreendente (não vou estragar contando para os que ainda não viram).

Ainda estou ruminando-o. Quem sabe amanhã eu me vista de azul e saia por aí...

Quem já assistiu, me diga o que achou. E para os que ainda não assistiram, eu recomendo.


1 comentário:

Wesley Macedo disse...

Chorei muito ao ver esse filme, no cinema, há uns dois anos. Depois, assisti denovo no Cinusp, em casas alheias, trechos na internet...
E é lindo relembrar as cenas das músicas; a fumaça da maconha que une bocas; o cabelo Bowie, e tantas outras coisas.
É maravilhoso!