sexta-feira, abril 24, 2009

FALANDO EM AMOR

Estava aqui pensando no amor de algum final de semana, daquele amor de nos revirar do avesso; nos fazer flutuar nos rios turbulentos da ousadia; respirar o perfume inconfundível das orquídeas e, ainda, ouvir as vozes angelicais dos castrados; e em se há uma traição por trás deste amor. A primeira conclusão a que chego - nada original, diga-se de passagem - é a de que a pimenta aumenta em muito o sabor do cozido.

Pensando nisso, me lembrei da dupla - hoje desfeita -, Joao Bosco e Aldir Blanc, das músicas que eles compuseram juntos, quase todas tão perfeitas... Na verdade estava procurando uma para definir aquela sensação que têm os amantes do "escuro".

Como a dupla fez, ainda que em curtíssimo período de tempo, uma música para qualquer situação que nos alegra ou aflige (é só procurar que você vai encontrar aquela uma para suprir sua necessidade de "corda"), nem precisei cansar muito a memória, logo encontrei uma que define bem o que estou sentindo neste dia em que São Paulo começa a receber os primeiros jatos do futuro outono, quando tudo vai ficando melancólico, e cheguei a "Quando o Amor Acontece", cujos versos finais refletem bem o que preciso omitir de mim mesmo para que seja barco: "O amor quando acontece / A gente esquece logo / Que sofreu um dia / Esquece sim / Quem mandou / Chegar tão perto / Se era certo / Um outro engano / Coração cigano / Agora eu choro assim".

Agora eu choro assim. Ouvindo Edith Piaf e sua "chanson", que me faz, sozinho neste quarto de um lugar qualquer do mundo, vibrar de saudade de todas as coisas boas que perdi com o passar do tempo. E só me dou conta de que o tempo passou quando menciono, por exemplo, o nome de Elis Regina - tida, até os dias que correm, quase que de forma unânime, como a maior cantora que já surgiu neste país - e alguém vira-se para mim e pergunta: "Quem é Elis Regina?".

Ah, o amor, será que ele ainda existe, ou foi reduzido a somente "ficar"?

1 comentário:

Robson disse...

O amor é tão pessoal que não quer ser do pessoal, diria um de mim, mas os outros acordados devem socorrer e dizer: o amor ilumino a hora que bem entender. e deixo todos os meus eus calados e escrevo, isto. Que você deve achar um absurdo, mas...o amor continua por aí apelidado de qualquer coisa, e dando o mesmo trabalho, não é?