Amigos, ouçam a entrevista que eu concedi ao Oscar D'Ambrosio, para a Rádio Unesp, em 28 de outubro de 2009!
domingo, novembro 15, 2009
domingo, outubro 04, 2009
MERCEDES SOSA
(Tucumã, 9 de julho de 1935- Buenos Aires, 4 de outubro de 2009)

La Negra se foi. Fica agora o vazio de sua presença; mas a voz, esta poderemos ouvir para sempre, para sempre.
"Gracias a la vida" ela nos deixou sua voz para iluminar os dias doloridos e as tardes cinza.
Gracias, Mercedes, por tornar nossa vida mais alegre, nossos dias menos íngremes.
Muchissimas gracias, Mercedes!!!!
sexta-feira, outubro 02, 2009
quinta-feira, setembro 10, 2009

Tem dias.
Tem dias e coisas.
Tem coisas que trocam o dia pela noite.
Tem estrelas.
Tenho sonhos.
Você tem.
Eu fujo de mim, às vezes.
Eu, beijos. Você, desejos.
Naquela manhã eu não sabia que você me trairia e fui,
inocentemente, embora.
Fui embora e não voltei mais.
Lá longe eu ainda penso nos seus movimentos dos dias subsequentes.
Eles são os de todo dia, não variam.
Eu não tenho.
Eu queria ter.
Eu não somo.
Você diminui em mim e este beijo nunca existiu.
Lá tem meia sem pé e pé que não acha o caminho.
Lá tem tudo que eu não vejo mais, mas sei.
Sou vidente.
Leio a vida e sua fantasia.
Eu presto atenção em você. Prestei. Eu te sei.
Eu te tenho na memória da minha pele.
Eu vou para a porta ver aquele pássaro que me chama.
Ele é azul, imenso e quando eu o chamo, ele deita-se sobre meu ombro e canta para mim
a canção mais linda que eu poderia ouvir.
Este pássaro é você.
Este pássaro que está tão sumido da minha árvore.
Este não sou eu, eu não sou meu, eu me dei.
Vou embora agora, é noite já e lá fora faz frio e venta.
sábado, agosto 29, 2009

I'LL NEVER FALL IN LOVE AGAIN
(Burt Bacharach)
What do you get when you fall in love?
A guy with a pin to burst your bubble
That's what you get for all your trouble.
I'll never fall in love again.
I'll never fall in love again.
What do you get when you kiss a guy?
You get enough germs to catch pneumonia.
After you do, he'll never phone you.
I'll never fall in love again.
I'll never fall in love again.
Don't tell me what is all about,
'Cause I've been there and I'm glad I'm out,
Out of those chains, those chains that bind you
That is why I'm here to remind you
What do you get when you fall in love?
You get enough tears to fill an ocean
That's what you get for your devotion.
I'll never fall in love again.
I'll never fall in love again.
What do you get when you fall in love?
You only get lies and pain and sorrow.
So, for at least until tomorrow,
I'll never fall in love again!
I'll never fall in love again!
Don't tell me what it's all about
'Cause I've been there and I'm glad I'm out
Out of those chains, those chains that bind you
That is why I'm here to remind you. (here to mind you)
What do you get when you fall in love?
You only get lies and pain and sorrow
So, for at least, until tomorrow
I'll never fall in love again
Oh, I'll never fall in love again
EU NUNCA ME APAIXONAREI NOVAMENTE
O que você consegue quando se apaixona?
Um garoto com um alfinete para estourar a sua bolha
É isto que você consegue por todas as dificuldades
Eu nunca me apaixonarei novamente
Eu nunca me apaixonarei novamente
O que você consegue quando beija um garoto?
Você consegue germes suficientes para pegar uma pneumonia
Após você o beijar, ele nunca irá te ligar
Eu nunca me apaixonarei novamente
Eu nunca me apaixonarei novamente
Não me diga do que se trata
Pois eu já experimentei e estou contente por estar livre
Das correntes, das correntes que te prendem
E é por isso que aqui estou para lembrá-lo
O que você consegue quando beija um garoto?
Você consegue lágrimas suficientes para encher um oceano
É isso que você consegue por sua devoção
Eu nunca me apaixonarei novamente
Eu nunca me apaixonarei novamente
O que você consegue quando se apaixona?
Você consegue apenas mentiras e dor e sofrimento
Então, ao menos até amanhã
Eu nunca me apaixonarei novamente
Eu nunca me apaixonarei novamente
Não me diga do que se trata
Pois eu já experimentei e estou contente por estar livre
Das correntes, das correntes que te prendem
E é por isso que aqui estou para lembrá-lo (aqui para lembrá-lo)
O que você consegue quando se apaixona?
Você consegue apenas mentiras e dor e sofrimento
Então, ao menos até amanhã
Eu nunca me apaixonarei novamente
Oh, eu nunca me apaixonarei novamente
sábado, agosto 08, 2009
CONVIDO A TODOS PARA O LANÇAMENTO
do novo romance de João Silvério Trevisan, REI DO CHEIRO, que será lançado em 28 de agosto, na Livraria Cultura Artes do Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2.073, São Paulo, SP).
Das 19 às 20hs, a Natura fará no local uma palestra sobre criação de perfumes.

Quem comprar o livro ganhará um kit de perfumes da Natura. Ao entrar no local, cada leitor receberá uma amostra do perfume Rei do Cheiro, cuja descrição olfativa está presente no romance. A fragarância foi criada pela Natura especialmente para o evento.
Apareçam!
terça-feira, agosto 04, 2009
CATAGUASES, MINAS GERAIS
VALE A PENA CONHECER!
Enfim, em ótima companhia, fui conhecer a cidade de Cataguases, nas Minas Gerais. Fiquei emocionado demais da conta, sô! Foi a realização de um velho sonho, o de conhecer esta histórica e monumental cidade.

sexta-feira, julho 24, 2009
ESTA CANÇÃO VAI PRA FAMÍLIA BITTENCOURT
LÁ DE JUIZ DE FORA
CANÇÃO DA AMÉRICA
(Milton Nascimento e Fernando Brant)
Amigo é coisa pra se guardar
Debaixo de sete chaves,
Dentro do coração,
assim falava a canção que na América ouvi,
mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir,
mas quem ficou, no pensamento voou,
com seu canto que o outro lembrou
E quem voou no pensamento ficou,
com a lembrança que o outro cantou.
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito,
mesmo que o tempo e a distância, digam não,
mesmo esquecendo a canção.
O que importa é ouvir a voz que vem do coração.
Pois, seja o que vier,
venha o que vier
Qualquer dia amigo eu volto a te encontrar
Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar.
terça-feira, julho 21, 2009
O MUNDO COMEÇA EM IBITIPOCA,
MINAS GERAIS
Ibitipoca é lugar escondido do mundo mal.
Lá tem pássaros e flores e doces perfumes de amanhecer.
Lá tudo é festa e paz.
Tem bares para animar todas as noites.
Por isso foram pra lá o Fáfa, a Marcellinha, a Xica, a Ana, a KK, a Bruna e o Ésinho.
Em Ibitipoca não se pensa em fim do mundo nem em tristeza.
Até cachorro lá gosta de música.
O bar do Firma seria uma ótima locação pro próximo Tarantino.
Tem igreja do século XVIII pra gente fotografar e achar linda.
Tem parque estadual pra gente se deleitar.
E fuscão pras noites de amor.
Lá não tem briga nem cara feia.
Tem gentileza.
Lá tem noite de lua e estrelas pra mostrar pro Fáfa.
Lá a menina Xica dança com os Novos Baianos e faz xixi no cantinho.
Tem batata com queijo e laranja na telha.
Tem escondidinho.
Tem torta alemã da Ana.
Tem tem tem.
Não falta nada lá.
A não ser aquele que ainda não foi.
Ibitipoca é o começo do mundo.
(Fotos de Rafael Aguiar)
quarta-feira, julho 01, 2009
Ésio Macedo Ribeiro, Fundo da Arte e da Cultura
da Secretaria de Estado de Cultura do DF e Livraria A Terceira Margem
convidam para o lançamento do livro
ESTRANHOS PRÓXIMOS
de Ésio Macedo Ribeiro
com apresentação de Luiz Ruffato
dia 04 de julho de 2009,
sábado a partir das 10h00
na livraria A Terceira Margem
Rua Halfeld, Galeria Pio X – 2º piso – loja 127
Juiz de Fora – MG
Tel.: (32) 3216-7320
quinta-feira, junho 11, 2009
Neste feriado de hoje tirei a noite para ouvir Maria Bethânia.
Quando eu ouço esta mulher-cantora, sempre digo: meu Deus! o que é isto? Que voz é esta? Que fogo é este que incendeia minha alma e me faz melhor e mais vivo? (Porque Bethânia é um susto.)
Bethânia está para minha vida como a bica d'água em que molho meus pés para a purificação.
E quando não mais Bethânia entre nós? Como serão os palcos vazios dela? O que faremos sem ela? Com que corda içaremo-nos da masmorra da vida?
Restará o som que nos roça os ouvidos, sempre incendiado pela luz, alegria e simplicidade vocal desta que se diz uma "caipira simples".
Eu a saúdo em oração todos os dias.
terça-feira, junho 09, 2009

Amigos, estou tão entretido na lida da roça que andei, por isso, sumido daqui. Saibam que estou bem e feliz. Um pouco cansado, é verdade, mas faz parte. Todo recomeço dói.
A coruja aí da foto está todo dia esperando por mim quando chego na fazenda. (Trata-se da única coruja de hábitos diurnos do mundo. Precisamos zelar por ela.)
Estou saudoso de todo mundo, por isso deixo um abraço para o Toni B., Leo, Marcão, Maria, Norberto, Suênio, Ruffato, Doni, Ana, Ana Lívia, Bruno, Fabio, Augusto, Oscar, Lygia, José Armando, Zhô, Jurema, Fred, Plínio, Ruy, Marisa, Dora, Valdo, Lalo, Almandrade, Ana C., Mônaco, Silvana, André, Lia, Rainer, Mindlin, Cristina, Betty, Diana, Secchin, Lêdo, Waldemar, Maria Helena, Tuti, Tatiana, Fafão, Antonio Carlos, Júlio, Ronald, Florivaldo, Garaldi, Leonel, Sinésio, Jorge, Anas, Rafaé, Rodrigo VR, Armando, Massi, Manoel C. P., Wesley, Tôca, Rosa, Dila, Lela, Chella, Néia, Ronaldo C., Ronaldo W., Newton, Ruth, Carlos H., Enaura, Fernando FFF, Iacyr, Edimilson, Prisca, Odirlei, Jô, Leonor, Josimar, Rosana e Aline.
quinta-feira, maio 28, 2009
Começo a executar um projeto antigo, que é o de construir uma morada no campo, exatamente no Cerrado goiano.
Foram anos e anos de angústia para a decisão ser tomada - difícil deixar São Paulo... Todo recomeço dói. Mas, ainda que só tenha quatro dias de iniciados os trabalhos de preparação para a construção, já começo a ter os olhos salpicados de estrelas e os ouvidos tocados pelos cantos dos pássaros.
Se será bom ou ruim? Só o tempo o dirá. O importante é não esmorecer e deixar as coisas fluirem como numa dança em que os pares já se encontram no salão e os primeiros acordes do piano os chamam para os primeiros movimentos.
O Cerrado é algo incrível de se ver. A vegetação é única, a fauna e a flora exuberantes. Pena que muitos não pensem nele como algo positivo e danem a devastá-lo para plantar, principalmente, soja, como vem acontencendo nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. É uma lástima que só será sentida quando formos um imenso Saara.
Vejo que tenho a missão de preservar meu pedacinho de cerrado custe o que custar. E quem pensar como eu que me ajude. (O Nicolas Behr, grande poeta e ecologista de Brasília, já está.)
PS: A lugar aí da foto é o Jalapão, no Estado de Tocantins. Lugar dos mais impressionantes. Ao olhar para ele, ainda que por foto, não dá vontade de ficar preservando tudo até sempre?
sábado, maio 23, 2009

É madrugada vou sentindo frio, não sei quando vai terminar. Tudo está, tudo fica. Depois não pode haver ais nem mais nem menos. Só se o desgosto for encontrar alguém do sexo oposto no mês de agosto. Tudo acabado.
Vejo que o Matthew Modine está sentado numa praia qualquer onde eu poderia estar, mas não estou. Não estou porque não quero - querer é tudo o que a pessoa precisa para continuar na vida.
Tenho feito amigos, conhecido pessoas legais e divertidas e, assim, a vida vinga-se de minha solidão dando-me, na gentileza de todas as manhãs, estas felicidades de vinho e queijo sobre a mesa.
Apostar naquilo tudo e depois que tudo estiver coberto por verniz, só vale olhar o brilho e sentir o cheiro que tomará conta da casa por muitos e muitos dias, porque enquanto um vento forte não entrar pelas janelas não haverá paz.
Por menos de um beijo eu desejo olhar em seus olhos e dizer todas as verdades que eles precisam meditar. Pensei nisto, ontem, quando uma menina olhou três vezes para mim e eu estava caminhando. Daí, olhei para trás e virei estátua de sal, mas meus olhos não ficaram estáticos. Assim, pude ficar olhando para aquela víbora que atravessou meu caminho.
Veja só, você, se derem chances para mim eu subo o morro e compro dois cachorros. E se deixarem mais, eu pinto todas as favelas de azul, branco, verde e amarelo e depois que tudo estiver abandeirado despejarei o sol por todos os ângulos daquele lugar.
Alguém há de olhar por mim, não consigo o sono e, consequência disto, também o sonho. Tudo estará cansado amanhã. Será que atrás deste dia há outro dia me esperando? Eu só espero que o dia só termine quando cair o pano, quando a luz for baixando, baixando até encostar no escuro. Não durmo por um precipício que me assusta.
Minha mãe, ai, minha mãe!, que cheiro é este de enxofre misturado com leite e gosma verde e que toma o meu corpo todo de desespero? Me dê um beijo na porta desta estrebaria, que esta louca agonia de ondas ondas ondas não posso, logo como.
No fim, the end senza fini.
quinta-feira, maio 21, 2009
NOITE ESPECIAL

João Gilberto Noll, Luiz Ruffato e Ronaldo Cagiano estiveram juntos,


Estiveram debatendo, mediados por Flávio Carneiro, sobre "O espaço geográfico ou como falar do enraizamento para além do regionalismo", nos "Encontros de Interrogação" que aquela instituição tem promovido desde 2004.
Os poucos gatos pingados que lá estavam puderam assistir a alguns momentos raros destes três autores. Principalmente do Noll, que parecia tomado - nos momentos finais de sua fala -, pelo espírito da Clarice Lispector quando ela concedeu a última entrevista da sua vida para a TV Cultura. Para lembrar sempre.
Na parte que lhe coube do latifúndio, Cagiano engatou uma primeira e desferiu histórias deliciosas de Brasilia, cidade na qual cumpriu quase 30 anos de sua vida.
E, finalmente, ver o Ruffato falando, principalmente de sua infância em Cataguases, é algo para se ouvir repetidas vezes: poesia pura.
Depois fomos jantar com mais um grupo de amigos (mas sem o Noll) e nos juntamos a mundanidade. Porque ninguém e de ferro!
sábado, maio 16, 2009

Sei-lá-porquê, este trecho da música "Vapor Barato/Flor da Pele", do Zeca Baleiro, me veio à mente logo após assistir ao filme do cartaz acima. Filme em que a homossexualidade e a sociedade católica da Quebec dos anos 1960 até os 1980 é tratada com extrema delicadeza pelo diretor canadense Jean-Marc Vallée.
O filme começa com o nascimento de Zachary Beaulieu ou, simplesmente, Zac, o quarto filho de cinco irmãos do casal Gervais e Laurianne, no Natal de 1960. A infância de Zac é marcada pelos aniversários natalinos - cuja festa é sempre iniciada com a Missa do Galo e encerrada com seu pai imitando Charles Aznavour. Quando fica adolescente ele descobre em si uma sexualidade "diferente", fato que ele nega de modo incisivo para não causar decepção na família. E a maturidade, enfim, chega com uma libertadora viagem mística por Jerusalém, a cidade que sua mãe sempre sonhou conhecer.
Com a mãe, Zac tem uma relação estreita; já com o pai, ela é incompreendida por ambos (Não dá para dizer o porquê disso, porque para quem não assistiu perderia a graça.). Ao lado dos quatro irmãos, Zac cresce sentindo e ao mesmo tempo negando desejos homossexuais. Além disso, tem que lidar com a religiosidade da mãe, que achava que por ele ter nascido num 25 de dezembro, fazia curas, e com a intolerância do pai.
Não dá para deixar de mencionar que toda a rebeldia das décadas de 1960 até a de 1980 é retratada no filme e que a música é um dos elementos fundamentais para isto. Para quem gosta de música como eu, foi um elixir dos deuses ouvir a trilha sonora escolhida pelo diretor, que vai de Pink Floyd a Rolling Stones, passando por Charles Aznavour e David Bowie, que interpreta o clássico inesquecível "Space Oddity". O filme tem um final, para dizer o mínimo, surpreendente (não vou estragar contando para os que ainda não viram).
Ainda estou ruminando-o. Quem sabe amanhã eu me vista de azul e saia por aí...
Quem já assistiu, me diga o que achou. E para os que ainda não assistiram, eu recomendo.
quarta-feira, maio 13, 2009
VEJAM! LEIAM!

Amigos,
Já está nas bancas o número 135 (maio/2009) da revista CULT (capa acima). Eu estou na seção "Oficina Literária" com quatro poemas ("Nômade", "Sozinho junto", "Macaco na cabeça" e "Premonição"). Todos eles pertencentes ao meu livro, ainda inédito, P&B. Quem puder, dê uma espiadinha. O poeta agradece.
terça-feira, maio 12, 2009

Primeiro, a anestesia não pegava - por ele ser alcoólatra -, assim, teve de ser anestesiado por três vezes para se fazer desacordado. Depois, pelo mesmo motivo do alcoolismo, as batidas não voltavam ao normal. Tiveram que executar o procedimento da cardio-versão por quatro vezes.
O médico dele me disse que estava até pensando em desistir quando viu a terceira tentativa falhar. Mas uma luzinha - imagino eu - deve ter se acendido nele, médico, para que tentasse uma vez mais para dar certo. Desta vez, meu amigo estava - se é que se pode dizer isto de um cardíaco -, novinho em folha, recebendo alta no fim do dia.
Durante o tempo em que eu o aguardava na sala de espera, como não sou dado a ficar calado, danei a conversar com os pacientes e parentes destes para saber porque estavam ali. (Eu sabia que todos estavam ali por problemas de coração, já que o hospital só trata deste "indivíduo" vital para que a vida seja e esteja.) Tirando destas conversas a conclusão de que muitos estavam ali, assim como o meu amigo, por não se cuidarem, por acharem que a vida é eterna ou sei-lá-o-quê. E não se cuidam, também, porque creem que nada de ruim vai acontecer às suas saúdes, imaginam-se a si mesmos como uns touros. No fim, vão para o hospital, se tratam, e voltam para casa para fazerem as mesmas coisas que os levaram para aquele lugar nada agradável.
Hoje em dia, com a vida que levamos nas cidades - principalmente nas grandes, onde impera o desconforto -, a coisa tende a acontecer cada vez mais cedo, a exemplo de um primo meu que sofreu um infarto aos 42 anos e teve que receber três pontes de safena e duas mamárias. Está vivo, mas será que ele não voltou ao mesmo ritmo de vida que levava?
Meu amigo, ontem, depois do dia exaustivo, chegou em casa e foi logo pegando o copo de cachaça. Ao ver isto, me veio imediatamente o questionamento: será que terá valido a pena eu ter torcido o dia inteiro e antes e depois para o reestabelecimento dele?
sábado, maio 09, 2009

Quando, a vida?
Que hora de desespero é esta, que atravessa os meus sentidos e rompe com minha manhã sem sono?
Que vastidão de mundo é este em que, sozinho, vou caminhando e sonhando com dias melhores, sem solidão ou miséria?
E se a porta se abrir, haverá sol por trás dela ou apenas monstros esperando que eu entre para me devorarem inteiro?
Não haveria um dia no campo em que a felicidade com livros e discos e filmes não poderia calar mais?
E se o grito se fizer necessário em todas as instâncias?
Se ele vier e quiser ficar, saberei consolidar o ritmo de dois em um?
Mas e se, por exemplo, a abelha não der mel, o pomar não der fruto, a vaca não der leite, ainda assim poderemos ser felizes e deslumbrados?
E esta perguntaria toda terá resposta?
Porque questionar tudo tanto e não ter nunca a resposta?
Mas se a resposta se fizer existida, saberei entender sua mensagem?
Estaria dando tanta importância a tudo isto se não estivesse vivo?
Se morto, ainda haveria todos estes questionamentos?
Quando, a morte?
sábado, abril 25, 2009
Não escrevo para ninguém e nem para mim mesmo, é que a mente pede para eu desobstrui-la, para soltar estes demônios que tomam conta dela todas as madrugadas dos últimos tempos. É uma coisa bem esquisita que vem e me toma de jeito. Quando isto acontece eu detono a geladeira e ouço todos os discos de todas as mulheres que vêm cantar para mim, todas estas mulheres Isaurinha Garcia, Nana Caymmi, Araci de Almeida, Cesária Évora, Maysa, Nara Leão, Elis Regina, Maria Bethânia, Ute Lemper, Gal Costa, Edith Piaf, Marianne Faithfull... e assim, elas vão desejando-me dias e dias e dias. Na velocidade que eu perdi.
Não é melancólica esta fala de agora, mas também não é sadia, não pode ser sadia, tem verme corroendo-na. Tem porta fechada. Tem beijo mais não. Por isso, ser desconexo e ir dizendo.
Não entendi que a viagem precisava terminar, ninguém avisou que havia apenas passagem de ida. Mas qual é mesmo a data, que dia que hora que mês que ano? E se eu não quiser esperar? E se eu não aceitar a hora determinada, será que irei preso? Cela comum ou especial?
Os olhos turvos por ter visto a dois filmes de uma só vez. O primeiro, "Antes de ir", com Jack Nicholson e Morgan Freeman. Depois, "Meu nome não é Johnny", com Selton Mello. Não dá para sair ileso de certos filmes que vão passando para nossas vidas. Tem gente que se suicida.
Eu vi uma vez um suicídio. Fiquei chocado, cruzei para a outra calçada, muita gente parando para ver, eu não quis ver, fiquei só com o estrondo do corpo batendo na calçada, aquele som repetindo em minha cabeça como disco furado. Era de tarde, sol quente, eu tinha coisas para fazer, sabe, hora marcada com alguém, fiquei frio, fui, mas estava um amargor minha boca, meu estômago. Ver a morte de perto não é para qualquer um. Tem que fazer curso, não dá para ir chegando e dizendo que sabe, que a gente não sabe nada.
Também o amor mata. Estes amores que vêm e vão em hora imprópria, eles não nos designam sanidade, pelo contrário, a gente vai ficando versado em rígido, em rocha. A gente não se contenta de jeito nenhum com estes amores que cometem em nossas vidas atrocidades, malefícios. E não podemos sequer prender os assassinos, por não termos o mandato de prisão, somos apenas vítimas. E vítimas tontas, perdidas em alarmantes catástrofes de uma vez ou outra na vida. O melhor mesmo, já me convenci, é ir comprando só "casca", deixando o interior para os vermes. Fiquemos, pois, com o verniz, com a cobertura, com a capa, com o vidro, com a fachada; com a pele. O preço é de ocasião, pode-se até regatear, pois o negócio anda difícil. A CRISE! Não temos tido dias fáceis! - dizem eles.
- Ei, boy, quem te deixou esta cicatriz no rosto, quem assanhou seus cabelos, quem amarrotou sua roupa que está suja, quem deixou escorrer esta lágrima?
E, assim, na noite vasta, André pega a estrada. Vai acenando até seu vulto desaparecer na vastidão escura. Lá longe, pode existir uma clareira e um clarão no céu, lembro-me de ele ter dito minutos antes de me dar o último abraço. E ele vai sendo, no exato momento em que chega "lá", afastado do plano médio sagital do corpo humano pela Estrela da Tarde.
sexta-feira, abril 24, 2009
Estava aqui pensando no amor de algum final de semana, daquele amor de nos revirar do avesso; nos fazer flutuar nos rios turbulentos da ousadia; respirar o perfume inconfundível das orquídeas e, ainda, ouvir as vozes angelicais dos castrados; e em se há uma traição por trás deste amor. A primeira conclusão a que chego - nada original, diga-se de passagem - é a de que a pimenta aumenta em muito o sabor do cozido.
Pensando nisso, me lembrei da dupla - hoje desfeita -, Joao Bosco e Aldir Blanc, das músicas que eles compuseram juntos, quase todas tão perfeitas... Na verdade estava procurando uma para definir aquela sensação que têm os amantes do "escuro".
Como a dupla fez, ainda que em curtíssimo período de tempo, uma música para qualquer situação que nos alegra ou aflige (é só procurar que você vai encontrar aquela uma para suprir sua necessidade de "corda"), nem precisei cansar muito a memória, logo encontrei uma que define bem o que estou sentindo neste dia em que São Paulo começa a receber os primeiros jatos do futuro outono, quando tudo vai ficando melancólico, e cheguei a "Quando o Amor Acontece", cujos versos finais refletem bem o que preciso omitir de mim mesmo para que seja barco: "O amor quando acontece / A gente esquece logo / Que sofreu um dia / Esquece sim / Quem mandou / Chegar tão perto / Se era certo / Um outro engano / Coração cigano / Agora eu choro assim".
Agora eu choro assim. Ouvindo Edith Piaf e sua "chanson", que me faz, sozinho neste quarto de um lugar qualquer do mundo, vibrar de saudade de todas as coisas boas que perdi com o passar do tempo. E só me dou conta de que o tempo passou quando menciono, por exemplo, o nome de Elis Regina - tida, até os dias que correm, quase que de forma unânime, como a maior cantora que já surgiu neste país - e alguém vira-se para mim e pergunta: "Quem é Elis Regina?".Ah, o amor, será que ele ainda existe, ou foi reduzido a somente "ficar"?
quinta-feira, abril 23, 2009

O Brasil, hoje, só tem (para quem entende!) uma definição: é daslu ou DASPU! E eu, por meu turno, estou do lado da DASPU. Aliás, sempre estive! A DASPU foi a coisa mais original que surgiu no Brasil nos últimos anos. Torço para que as “meninas” se deem bem, sempre, daqui para frente! Porque do lado daslu, que inclui a mixórdia de Brasília, eu quero distância. Tenho verdadeiro asco deste Lula e de toda a sua "tropa de elite". O retrocesso
E viva a DASPU! Na passarela...

Falando em DASPU, vocês viram a última - super genial - da genial e estupenda cantora Nana Caymmi? É que ela disse a um crítico de jornal, não me lembro se da Folha ou do Estadão - não importa -, que a crítica não entendeu nadica de nada o significado da roupa que ela usou para a capa (acima) de seu recente álbum. Ela escolheu a roupa roxa, não por estar de luto pelas mortes dos pais: Stela e Dorival Caymmi,

E viva a NANA! Cantando...
terça-feira, abril 21, 2009
segunda-feira, abril 20, 2009

Meu último sábado foi maravilhoso. Porque dividido com uma velha amiga, Dora Paes, e um novo amigo, Marcos Pasche.
Marcos faz mestrado na UFRJ, orientado pelo meu imortal amigo, Antonio Carlos Secchin, e seu trabalho versa sobre a obra poética do nosso saudoso José Paulo Paes, de quem Dora foi mulher (E para quem sabe dos dois, muito mais do que isto.). Por causa deste seu trabalho foi que o Marcos me pediu para acompanhá-lo à casa dela, para ele ter uma conversa sobre a poesia e a vida do Zé Paulo. Tudo no sentido de dar uma luz mais especial à sua dissertação, que está em fase final de escritura.
Dora, generosa como ela só, nos recebeu a bolo de fubá (feito, segundo ela, pelo ex-confeiteiro da Dulca - aquela deliciosa doceria da Rua Vieira de Carvalho, no centro de São Paulo -, que agora trabalha numa padaria próxima da casa dela) e por um café retinto de bom - forte, incorpado, brasileiro.
Rodamos a casa quase toda, visitamos o escritório-biblioteca do Zé Paulo, tiramos fotos, conversamos, rimos. Foi, realmente, uma tarde memóravel.
E fizemos uma curiosa descoberta. Para nosso completo espanto, Marcos nos disse que faz aniversário num 10 de fevereiro, assim como a Dora e eu (e mais o Humberto Werneck e a Marisa Proença). Imagina isto, três aquarianos que nasceram em mesma data, ainda que em anos diferentes, reunidos num mesmo ambiente! Só podia dar em alegria, renovação.
Dora, bruxinha que é, disse-nos umas coisas bem profundas sobre a vida e sobre não perdê-la com futilidades... Para não esquecer. É uma sábia, aquela ex-bailarina, aquela menina-senhora de 78 anos.
São de pessoas e de dias assim que eu preciso daqui pra frente.
Por isso eu digo, obrigado, Dora!, obrigado, Marcos! E obrigado, Zé Paulo, que reuniu a nós três!
quinta-feira, abril 16, 2009
quarta-feira, abril 15, 2009

Os dias do Amor - um poema para cada dia do ano. Seleção e organização de Inês Ramos; Prefácio de Henrique Manuel Bento Fialho. Parede, Portugal: Ministério dos Livros, 2009.
Participação de 365 poetas de várias épocas e países. Do Brasil, participam os autores: Affonso Romano de Sant'Anna, Aleilton Fonseca, Alexei Bueno, Alphonsus de Guimaraens, Álvares de Azevedo, Bernardino Lopes, Camilo Mota, Carlos Machado, Castro Alves, Claudio Daniel, Cruz e Sousa, Donizete Galvão, Edimilson de Almeida Pereira, Ésio Macedo Ribeiro, Eunice Arruda, Fernando Fábio Fiorese Furtado, Frederico Barbosa, Geraldo Reis, Gerson Valle, Gonçalves Crespo, Gonçalves Dias, Gregório de Matos, Iacyr Anderson Freitas, Ivo Barroso, Lívia Tucci, Manuel Botelho de Oliveira, Olavo Bilac, Ozias Filho, Paulinho Assunção, Paulo Ferraz, Prisca Agustoni, Ronaldo Cagiano e Vera Lúcia de Oliveira.
OS AMANTES
Na Janela,
com ombros nus,
braços cruzados,
batom vermelho,
ela acena expelindo jasmim.
Ele põe os pés
na areia movediça.
Ésio Macedo Ribeiro
(Poema inédito incluído em Os dias do Amor, p. 341.)